Sentar-se
a sombra de uma
árvore é o que
há para fazer de
melhor. Pensou Artor antes de levantar-se, tirar as folhas
do escudo espelhado e beber um pouco de água do cantil feito com
chifre de bode das montanhas.
Artor
era um aventureiro que nunca teve uma flecha cravada ao calcanhar ou
joelho. Ele pertencia a classe que era geralmente chamada de
Paladino da Natureza. Um Paladino da Natureza nada mais é do que um
guerreiro que defende a justiça do Deus do Universo, Princípio
Primeiro, no(s) mundo(s). Esta classe é reconhecida a distância por
todo e qualquer que tenha algum conhecimento sobre os deuses. Todos
eles portam uma espada com cabo de bambu e tem olheiras profundas por
nunca dormirem.
É muito
comum que aqueles ligados ao clericato desejem uma aparência física
com a do seu Deus, mas, no caso dos Paladios da Natureza não há
muito o que se fazer. Um dos seus juramentos é não dormir até que
toda a injustiça tenha um fim no universo, até que todos vivam em
paz com seu trabalho e todos sejam tomados pela sabedoria e pelo amor
um Paladino da Natureza não pode dormir. Isso lhe dá olheiras que
fazem com que pareçam-se com seu Deus, que muitas vezes é
representado pela figura de um urso panda.
Artor
portava uma camisa branca abaixo da cota de malha preta, assim como
ordenava a classe. Da mesma maneira seu escudo espelhado era branco
de bordas pretas.
Aquele
era
um
dia
calmo.
Tinha
viajado
a
pé
pelas
estradas
do
rei
durante
dois
dias
logo
após
que
saiu
da
estalagem.
Até
então
o
Deus
do
Universo
não
lhe
dera
nenhum
desígnio,
missão,
nenhum
indício
de
para
onde
ir,
apenas
quis
observar
a
natureza
que
era
bela.
O
que é a beleza?
Artor
pensou
em
voz
alta
alguns
passos
depois.
As
palavras
saíram
por
sua
boca
quase
sem
perceber.
O
Deus
do
Universo
criou
a
beleza,
e
talvez
pudesse
avisar
a
deusa
da
beleza
que
devesse
enviar
alguém
para
que
lhe
respondesse
aquela
pergunta.
Assim
foi
feito.
Uma
dama
de
vestido
branco
saiu
por
de
traz
de
uma
árvore
e
o
perfume
de
seus
cabelos
passava
pelo
vento
para
seus
pulmões
como
mágica.
- Ser belo é brilhar! Disse a mulher com a voz de sereia, tão calma e leve quanto areia.
- Deve tomar cuidado com esses campos, senhorita. A moça pode encontrar alguns problemas por estes caminhos.
- Sei que me protegeria, se eu precisasse, jovem Paladino.
Estava
apenas passando para recolher maças das árvores e não pude deixar
de ouvir seu questionamento. Posso por acaso ajuda-lo?
- Ora, isso quem pode me dizer é você, moça. Pode, por acaso, me ajudar a encontrar qual a origem da beleza e me fazer assim ter mais sabedoria na minha mente e no meu coração?
- Claro que posso, pois ouvi palavras divinas. Palavras divinas também sei pronunciar.
- Antes de mais nada, moça. Pode me dizer com quem tenho a honra de conversar e aprender sobre a beleza?
- Minha mãe me deu o nome de Alfa em homenagem a deusa da beleza. Mas, pode-me chamar de amiga, de amor, de minha deusa, do que desejar. Por ter esse nome quis saber das questões da beleza desde que nasci. E tu, senhor? Vai me fazer a cortesia de dizer seu nome?
- Me chamo Artor Darkasuda, sou Paladino do Natureza, do Deus do Universo criador dos deuses e dos mundos. Procuro o bem para tudo que há e desejo ser o caminho para a justiça. Peça o que quiser, senhora. Se isso for bom, procurarei realizar. Eu, portanto, te peço algo bom. Moça, diga-me, qual a origem da beleza?
- Certo, Artor. Peço então, em troca, algo bom. Peço que me escute com atenção, pois, estas palavras são verdade.
“Deus
Panda, o Deus do Universo, decidiu, certa vez, criar o homem. Criou
então Proépis. Para Proépis o Deus Panda deu o presente de viver
no mundo. No mundo existiam as árvores, as águas, o solo e os
animais. E certa vez Proépis invocou ao Deus do Universo.
- Oh, Deus Panda. Tu és de tudo o mais sábio. Sabe muito bem que preciso de alguém do meu sangue para dividir meu nome, para conversar no mundo. Preciso de um amigo, de um irmão.
- Ora, isso causará uma divisão. Se queres uma amigo que seja pra ti como irmão, este terá que sair de ti. Terá então que dividir seus dons. É isso que quer? - Disse então o Deus Panda.
- É isso sim que quero. Divida então para que eu tenha a máxima prudência e possa sempre pensar a frente e que meu irmão viva sempre a vida de agora, sendo o mais espontâneo.
- Assim será, pois, tem uma boa alma.
O Deus
Panda assim dividiu Proépis. Criou então Prometeu aquele que pensa
antes e Epimeteu aquele que pensa depois.
Epimeteu
começou a dar nomes aos animais, plantas, solos... Só que sempre
dava um nome diferente todas vez que falava. Prometeu deu a ideia de
dar nomes fixos para tudo no mundo, e junto com os nomes Epimeteu
poderia dar-lhes também o seu talento. Assim fez, e dividiu os nomes
e talentos, só que esqueceu de dar talento ao bicho homem. E quando
Prometeu viu isso ficou triste.
Decidiu
então roubar uma fagulha do fogo mágico do Deus Panda. O deus Panda
deixou e fingiu não saber do que estava acontecendo. Tempos mais
tardes O Deus Panda desce a terra para conversar sobre o ocorrido.
- Ora, achou que eu não ia perceber? Uma fagulha? Devia ter dado os talentos para os homens você mesmo Prometeu, ou não imaginou que Epimeteu poderia falhar?
- Senhor do Universo. O quer queres que eu faça, deixe parte da tua criação sem talento algum?
- Não, isto também seria errado. De certa forma você foi justo, pois deu o tesouro a um necessitado. Mas de certa forma foi errado, pois tirou algo de alguém. Como consequência lhe darei algo que de certa forma é das maiores dádivas e de certa forma é dos piores castigos.
Deus Panda voltou ao céus dos Pandas e criou um presente. Deu a
oportunidade de cada
Deus ajuda na criação. O deus da palavra deu ao presente a arte de
dizer palavras capazes de acalmar e de ludibriar. A deusa da
Sabedoria lhe deu a arte da estratégia da vida...
Prometeu logo chegou em casa e avisou a Epimeteu para não receber
nada que o Deus
Panda lhe enviasse, mas quando chegou do trabalho na plantação
avistou o presente dos deuses
sentada em uma cadeira.
- Ela brilha. Disse Prometeu ao ver a primeira mulher.
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